CISMA

Sentado na calçada,
fico a cismar coisas que não conheço,
vidas que não conheci,
estradas que ainda não percorri!
Fico a cismar,
se o alemão substitui meu sotaque
na filosofia barata,
ou se, por ser tão relativo,
não me resta mais tempo algum!
Fico a cismar,
se, por esta cidade ser tão grande,
não me restam mais passos,
ou se meu cachorro voltará,
sumiu tem quinze dias já!
Fico a cismar,
como te enviar a fotografia nova,
e como falar da saudades?, você está tão longe,
diga pro pai que este mês chove,
se não chover, estia!
Fico a cismar,
o café acabou, o gás está no fim,
arroz tem, tem sim,
mas o fumo e a palha,
esses acabaram faz tempo!
Fico a cismar,
se quem joga a pedra,
esconde a mão, porque joga?,
se sinto saudades suas,
que eu faço aqui?
Fico a cismar,
como te enviar a fotografia nova,
o que eu faço aqui,
se te amo tanto e tanto!
eu vou voltar...pra você

(Luiz wood)