segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sextante

Seus olhos percorriam as ondas com experiência de um homem do mar, as lágrimas correram porque as ondas lembraram os carinhos dela, a experiência era de homem do mar, não de amante, o amante não tinha nenhuma sensibilidade nem experiência, o amante não tinha nada, nem ela. Pelo sextante seus olhos se estendiam e viam o mar horizontal, o sol vertical, mas não viam o sorriso dela, branco dental, gosto de menta. Como afogar nessa imensidão de águas o que lhe vinha no peito, nos olhos, na boca, nas mãos, no gosto? de dentifrício... de menta? O vento soprou e inchou as velas, lembraram o coração inflado de quando a conheceu... cheio, barulhento, gritento, violento, amoroso... frágil. Mudava o rumo a cada nova lufada, quem sabe pra onde? Pra China. Pro Cabo da Boa Esperança. Austrália. Suez. Sua Boca. A minha. Cordas em mãos hábeis, cabelos nas inábeis, timão nas hábeis, seios nas inábeis. O mar sem-fim, curto demais pra fugir dela. O sol na cara, os olhos nas ondas. Ela no pensamento. No mar sem fim.


( Luiz wood )

3 comentários:

  1. Meu Deus...Luiz casa vez vc me surpreende mais.
    É triste mas maravilhoso.

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  2. Vc é simplesmente maravilhoso...bom demais pra ser verdade...lembra? bjs... nina

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  3. És bom e verdadeiro.

    teamodolo, moras em meu coração protetor.

    Sua fã,
    Célia

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