sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

DANÇAMOS.....


Enquanto você dançava.....eu me via nos seus passos...assim solto e como você, inebriado!!!!
Na ponta dos pés....spacatto...livre, numa dança doida...louca e só nossa.
A nossa dança, pra lá de qualquer tango....pra lá do inferno...apenas nossa....dança...nossa...prá lá do inferno!!!
E dançamos, na primeira esquina dançamos....numa parede fria...voz autoritária....dançamos.
Foi como se o diabo nos tirasse... e rimos....do nosso infortúnio....do próprio diabo...e na ponta dos pés....spacatto...dançamos!!!!
Ouve?....a nossa música...tango?...fado?....nada....só a nossa música!!
Me dê a sua mão....caminhamos numa mesma rua, na sua avenida, na minha veia aberta, sangrando...uma hemorragia que não tem mais fim...apenas nossa música!
Basta!!!
Não danço mais....
Sou poeta.
Não sou bailarino....
nem homem sou mais....apenas poeta!!!!

sábado, 8 de novembro de 2008

Não peço mais


O meu caminho está desesperado,

armando armadilhas, olhando à espreita.
O meu coração se desarmou,
abandonou todo propósito de te olhar,
está desesperado, como o meu caminho.
As cinzas ainda quentes refletem apenas palavras,
os gestos se esconderam na escuridão,
como quem teme trovões e ventos.
A minha alma se expôs ao sol e fez-se sombra,
a aurora desejada não veio,
o mar se abriu num furor que me estremeceu.
Só me restaram as palavras... mas não digo,
na tempestade almas não dançam...
Basta... não peço mais,
línguas afiadas, bocas mudas,
toalhas manchadas, taças rachadas
o anel devolvido.
Basta... não peço mais.


( Luiz wood )

Noite

A noite se vestiu como de costume. De negro.
Aos poucos foi se encantando...
Como uma mulher vaidosa que se arruma pensando no amante.
Um pouco de brilho nos olhos, cuidado no baton evidenciando a boca sedenta, as mãos cariciando a própria pele antecipando o prazer,os cabelos soprando o vento que por certo virá,
o vestido lentamente colocado, os brincos celestes que refletem galáxias e que fazem visionários prever o futuro só pelo prazer da contemplação e o colar que finalmente estabelece a lua.
A noite se vestiu....
Com a voz suave sussurrou meu nome.
Da mesma maneira que um marinheiro quando ouve a sereia eu obedeci ao chamado.
A noite me beijou e me envolveu em abraços escuros e brilhantes... conduziu.
À cada brisa soprada no meu rosto eu vi a face da noite,
senti em minha boca o doce aroma da mulher,
o encanto dos sonhos e o prazer do envolvimento pleno.
Fui Noite, ela foi Homem....
E nos penetramos... na Noite, no Homem... nos penetramos, fomos nossos.
Foi Homem. Fui Noite.



( Luiz wood )

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Trigal

Olhar suas mãos,
é como ver o campo de trigo,
serenas, ondulantes.
É como estar em comunhão com a terra,
voar solo infinito,
estar cansado de guerra.
Sentir teus seios,
é cantar cantiga de Salomão,
como um cacho de uva,
ardentes desertos,
é vulcão.
Seus olhos são arado,
terra revolta, prenha.
É volúpia de fome,
água que inunda, sacia, afoga.
Seu sexo, terra ávida,
prenhe, entregue, frouxa.
Fértil acolhe carícias,
e num sorriso claro,
me mostra os dentes,
toma a minha mão, me carrega,
recebe minha semente.


( Luiz wood )

Não sei nada de ti

Não, eu não sei nada de ti,
porque não sabes de mim.
Eu não conheço seu caminhar,
porque não andou meus caminhos.
Mas sei dos seus amores,
porque viveu dentro de mim.
Conheço as tuas dores,
porque me doeu te perder.
Agora sei da tua vida,
porque não a tive,
... e por isso morro.


( Luiz wood )

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Não te amo

Não te amo só porque te amo,
te amo porque se chama amor,
te amo porque me canta a alma,
te amo, porque se me cala... ouço.

Não te amo só porque te amo,
te amo porque conta histórias,
te amo porque me é a própria vida,
te amo, porque é, se quiser... a própria morte.

Não te amo só porque te amo,
te amo porque me segue a estrada,
te amo porque me respira o próprio ar,
te amo, só porque te amo.
... não só porque te amo.


( Luiz wood )

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Quintal

No meu quintal,
recolhido atrás da casa,
tem pedra, tem grama,
tartaruga tímida e pomar,
tem cerca mal ajambrada,
tem escondido o teu olhar.

No meu quintal,
bem ali, no portão de entrada,
tem a roseira espinhada,
caracóis e formigas atarefadas,
algumas margaridas desfolhadas,
de tanto bem ou mal-me-querer.

No meu quintal,
escondido no porão,
tem cogumelos aflitos,
restos de vida, tem escuridão,
e porque não tem seu sorriso,
... é repleto de solidão.


( Luiz wood )

domingo, 26 de outubro de 2008

Canções


Se meu coração tivesse que bailar,
dançaria um tango e suas dores mortais.
Se tivesse que cantar,
soltaria a voz em um rock gutural.
Se tivesse que partilhar,
seria numa roda de samba, alegre.
Se fosse chorar,
desfiaria um Blues e cor de alma.
Mas como morro,
canto fado e sinto dores.
As dores de cantar só.

( Luiz wood )

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Suor

Suor
Banhado,
lanhado, derrotado,
suado.
Sereno,
suave, conquistado,
suado.
Poderoso,
imposto, desdenhoso,
suado.

( Luiz wood )

Tensão

Quando os prédios caem
Os fios se jogam
E a rua morre
Exausta...
De tanta tensão.



( Luiz wood )

domingo, 5 de outubro de 2008

Querer

Gostaria de ter o voo alto,
de ter a canção da voz,
a força que vem do mar,
o brilho dos astros,
a sensibilidade da rocha,
a delicadeza da areia,
o arranhar de espinhos,
as paredes dos fortes.
Gostaria de ter canção,
de ter pura melodia,
de ser a onda que alisa,
a brisa que alivia,
o vinho que inebria e sacia,
a cachaça que extasia,
de ter o estar por aqui,
de ser a toada que tange gado,
o caminho que me leva a ti.
Gostaria de ser poeta,
e este te dou,
porque sendo assim,
nada mais quero ser,
só seu.


( Luiz wood )

Poema Meu

Meu poema não tem métrica,
não tem rima, nem canção.
Meu poema não tem nada,
só a vontade do coração.
Meu poema não tem nem palavras,
nem vírgulas, nem conjugações.
Meu poema não fala,
meu poema grita de emoção.
Meu poema não tem estrofes,
nem paroxítonas, muito menos vírgulas,
Meu poema não chora,
meu poema morre, de amor.




( Luiz wood )

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Estou Inteiro

Minha pele está solta...
no vento da inconstância,
no mal dizer de línguas,
na saudade escarnecida.
Minha vida está derivada,
na ilha desesperada,
na boca amordaçada,
no silêncio exato.
Meus olhos estão fixos,
no poente rompante,
no negrume dos seus,
na cegueira titubeante.
Minhas mãos estão ausentes,
em toalhas nos cantos,
nas roupas amassadas,
no seu corpo suado.
Meu coração está deserto,
nas armadilhas inúteis,
nos caminhos vagos,
nos outonos frios.
Minha alma está desarmada,
nas esquinas onde chove,
nas cinzas de quarta-feiras,
nos remorsos calados.


( Luiz wood )

Coração de Poeta

Meu coração está farto,
de poesias,
de armadilhas,
de promessas,
de desejos,
de esperanças,
não concretizadas.
Meu coração está farto,
da largura,
da carne,
do feriado,
do carnaval,
de folia,
desesperada.
Meu coração está farto,
de rimar,
de te gritar,
de ouvidos moucos,
de tolices,
de gaguejar,
de praguejar,
e ninguém ouvir.
Meu coração está suicída,
como convém a um poeta.

( Luiz wood )



segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O Anjo e o Telescópio

Era um anjo, apenas um anjo. Um anjo que tinha que velar por toda uma cidade, mas apenas um anjo.
Abria as asas e voava, revoava, pousava, voava, revoava. Apenas um anjo. Chorou algumas vezes, homens são assim mesmo, as vezes nos fazem chorar, as vezes é triste, muito triste ser anjo, as vezes choramos. Os anjos choram.
Mas tinha asas, e isso é o que importava, asas.
Com elas subia tão alto, que nem o telescópio mais potente poderia enxerga-lo, isso se telescópios pudessem enxergar anjos, não podem, mas se pudessem, nem o mais potente deles conseguiria enxerga-lo, porque tinha asas e voava tão alto...
Homens precisam ser velados para não fazerem besteiras, mas fazem mesmo assim, mas se não fossem, fariam ainda mais, além das guerras, além do preconceito, além das dores, além das destruições, além das maldades, além da indiferença, além da fome, além da prisão, além da tortura, além... fariam mais besteiras, homens precisam ser velados. O anjo velava.
E voava pra além do telescópio potente...
Um dia voou tão alto, mas tão alto, bem mais alto, muito mais alto e não voltou mais.
Agora não temos mais um anjo pra velar por nós.
Estamos sós.


( Luiz wood )

domingo, 28 de setembro de 2008

Distraído

Quando você voltou, estava distraído, desprevenido e você se aportou.
Foi num segundo e eu já não era mais meu, bastou um segundo e tudo o que eu tinha planejado te dizer emudeceu. Estava distraído.
Pensei em te xingar, te mal-dizer, gritar em você que não mais te queria, rir na sua cara, e bastou um segundo, te recebi. Estava distraído.
Quis nunca mais te ver, olhar pra você, falar com você, pensar em você, e bastou um segundo, falei, olhei e vi. Estava distraído.
Agora estou aqui, eu estou aqui. Parecemos dois loucos e estamos aqui.
Como odeio você, como te amo.
Aquele beijo que você pousou em mim me fez estar aqui. Não queria mais te contar das coisas, não queria mais ler pra você, não queria mais rir com você, não queria mais que nossas janelas se abrissem, mas bastou um segundo, estou aqui. Distraído
Eu estou aqui e você também.
Distraídos.


( Luiz wood )

Alma

Me diz alma,
porque assim me inquieta,
porque me desperta
e quase me desespera?
Me diz alma,
onde estive e fui,
se nunca encontrei
nem à mim, nem aonde vou?
Me diz alma,
porque canto e espanto,
se a sina me diz leve,
e a vida me pesa?
Me diz alma,
porque o rio inunda,
se as lágrimas secam,
sempre que volta do mar?
Me diz alma,
pra onde vou?


( Luiz wood )

sábado, 27 de setembro de 2008

Palavras ( que me assombram )

Que palavras são essas que me assombram?
que me cercam nas esquinas e não me largam,
que me apedrejam por pecar amores,
que me deixam nu, ao sol?
Que palavras são essas que me assombram?
dos vales às montanhas, me inundam,
nos campos e prados, me fazem liberto,
cavalgam em mim, donas de mim?
Que palavras são essas que me assombram?
que me gritam poemas n'alma,
que me fazem rimas nas minhas sombras,
que me caminham vidas e sortes?
Que palavras são essas que me assombram?
e me fazem assim...?



( Luiz wood )

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Será que o tempo ?


Será que o tempo que tenho,
me basta pra poder te ter?,
que as estradas à percorrer serão lindas ?,
que os carros confundem-se com anjos?,
aviões terão asas?,
e você me percorrerá nu?,
me amas talvez?,
ou a ilusão é minha e não tua?,
que o tempo é exíguo?,
os dias serão curtos, ou a noite é longe?,
que a pele é macia?, o olhar tão duro?,
grito será ouvido ou pra você sou surdo?,
que ciganas não lêem mais as sortes ou o azar é maldito?,
e as cigarras cantam sem voz?,
que o mar se encantará?,
como a minha voz!



( Luiz wood )

Mar de Você


Amar você,
é bailar no vazio,
mergulhar no escuro,
desfolhar pétalas,
morrer de cansaço,
viver de esforço.
Amar você,
é dizer algo,
é contar um segredo,
sussurrar um desejo,
cantar folguedos.
Amar você,
é calar profundo,
acalmar o mundo,
aportar navios,
suportar ventos frios.
Amar você,
é ser mar de você.


( Luiz wood )

Paz

Recebe minhas armas,
enxuga meu suor,
limpa-me o rosto,
declara a sua paz,
na minha guerra.


( Luiz wood )

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Correr

Corro,
Morro,
Subo,
Aconteço,
Deixo,
Faço,
Falo,
Tropeço,
Calo,
Vivo,
Sonho,
Canto,
Paro,
Chega,
Cansei.
Não amo mais.


( Luiz wood )

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Vida

Vida,
se você não me bastasse,
me restaria a morte,
se você não me trouxesse dor,
seria a minha cura,
se você não me suprisse,
seria a falta que sinto,
se não me traduzisse,
me deixaria só,
se não me dissesse,
me cantaria,
se não me fosse tão minha,
seria teu.



( Luiz wood )

Segredo Nosso

O que tenho aqui é segredo,
na palma da mão,
no bolso do casaco;
O que tenho aqui é segredo,
chaveado sete vezes,
jogado no embornal;
O que tenho aqui é segredo,
falado nas janelas,
exposto no jornal;
O que tenho aqui é segredo,
de desejo declarado,
de amor juramentado.



( Luiz wood )

Ouvir Borboletas

Ouvi borboletas no piano,
música nos seu olhos,
arfar no peito.
Ouvi mar no seu olhar,
sombras no quarto,
e rezas no seu altar.
Ouvi voz no aço frio,
dor na saudade,
deserto na alma.
Ouvi flores no jardim,
chuva no pomar,
cantigas de ninar.
Ouvi meu nome,
gritei o seu,
e borboletas no piano.



( Luiz wood )

Portas

Teria que ser assim a minha sina,
repleta de portas e batentes,
escassa de amores e de dentes,
lúdica de estradas e brilhos,
vazia de silêncio e muda.
Teria que ser assim a minha sina,
trovoada de nuvens e raios,
habitada de pedras e tropeços,
fraca de vontades e ventos
farta de sonhos e desdéns.
Teria que ser assim a minha sina,
repleta de portas...
que me levam a você.
Minha sina.



( Luiz wood )

domingo, 21 de setembro de 2008

Iguais

Somos iguais,
eu e você.
Olhamos a mesma rua,
e nunca sabemos por onde ir.
Pensamos o mesmos atos,
e nunca temos a exata intenção.
Somos iguais,
eu e você.
Em cada grito preso,
sou igual a você.
Em cada desejo solto,
és igual a mim.
Somos iguais,
eu e você.
Em cada ferida ardida,
caminhamos.
Em cada deserto árido,
paramos.
Somos iguais,
eu e você.
Em todos os pesadelos,
choramos.
Em cada sonho,
rimos.
Eu e você,
somos iguais.


( Luiz wood )

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Olhos do Céu

Divertido olhar pro céu,
brincar de criança e rir,
ver o que se quer, ser.
Ser, ver , ter, olhos no céu.
Vermelha, azul, amarela,
olhando o vento, amando.
Brincando de ver,
Olhos do céu.
Olhando o vento, amando,
o vento,
com olhos no céu.



( Luiz wood )

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Caminho Trilhado

O caminho era tortuoso, mas leve.
Caminho percorrido tantas vezes, caminho trilhado a palmo. Conhecido, dedilhado. Sabia cada curva, cada perfume, cada saliência. O simples contato dos pés, das mãos, lhe dizia exatamente onde estava, com um senso de radar, de morcego, de cego...
Poderia percorrê-lo de olhos fechados, abertos, distraído, esperto. Conhecia o caminho mais do que conhecia a própria vida, conhecia à fundo, profundo, profundamente.
Como um sábio que lê, ele lia o caminho em suas minúcias... adivinhava-o antes mesmo de estar nele... antes mesmo de pisar o terreno... conhecia como conhecia a sua própria vida.
Sabia os caminhos. Se fosse mar, teria cartas. Se fosse mapa, seria país, se fosse céu, astronauta. Mas era caminho trilhado.
Era corpo, trilhado.



( Luiz wood )

Ranhuras

Eu estou nu.
Seus dedos, a ponta de seus dedos percorrem meu corpo. Desenham uma a uma cada cicatriz, cada ranhura, cada marca, cada imperfeição cinquentenária, cada experiência cármica, cada vida passada. Procuram minhas vivências, minhas dores, meus amores, minhas dores de amores.

Eu estou nu.
Você me diz amor. E eu choro, pois nem imaginava que alguém ainda fosse me amar, pois tenho cicatrizes e ranhuras. Mágoas e raivas. Mas você me diz amor e seus dedos percorrem. Quis me esconder no escuro e você acendeu todas as luzes. Quis me justificar e você retrucou. Quis me refugiar no menino e você me teve Homem. Me quis meu e você me teve seu.

Eu estou nu.
Você, me diz Amor.


( Luiz wood )

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sextante

Seus olhos percorriam as ondas com experiência de um homem do mar, as lágrimas correram porque as ondas lembraram os carinhos dela, a experiência era de homem do mar, não de amante, o amante não tinha nenhuma sensibilidade nem experiência, o amante não tinha nada, nem ela. Pelo sextante seus olhos se estendiam e viam o mar horizontal, o sol vertical, mas não viam o sorriso dela, branco dental, gosto de menta. Como afogar nessa imensidão de águas o que lhe vinha no peito, nos olhos, na boca, nas mãos, no gosto? de dentifrício... de menta? O vento soprou e inchou as velas, lembraram o coração inflado de quando a conheceu... cheio, barulhento, gritento, violento, amoroso... frágil. Mudava o rumo a cada nova lufada, quem sabe pra onde? Pra China. Pro Cabo da Boa Esperança. Austrália. Suez. Sua Boca. A minha. Cordas em mãos hábeis, cabelos nas inábeis, timão nas hábeis, seios nas inábeis. O mar sem-fim, curto demais pra fugir dela. O sol na cara, os olhos nas ondas. Ela no pensamento. No mar sem fim.


( Luiz wood )

domingo, 7 de setembro de 2008

O que veio do céu

Todos olharam e viram, a noite iluminou, os olhos não acreditaram, queixos caíram, juntos com a chuva de asteróides... e a noite se iluminou. Profetas se prepararam para o fim, astrônomos deliraram, amantes se apressaram, governos se armaram, e as crianças desejaram, fizeram pedidos... e a noite se iluminou, como dia, mas de vermelho. Os asteróides caíram junto com os queixos que olharam para cima. O mar se levantou furioso em marés arranha-céus, torres caíram, vacas mugiram o leite coalhado, cães uivaram e se calaram, não havia uivos que falassem o suficiente, os cães se calaram. Eu me encolhi feito um frio de casacos, pus as mãos nos bolsos e caminhei apressado enquanto caíam os asteróides, feito os queixos que olharam pra cima, dois quarteirões à esquerda, próxima rua a esquerda de novo, mais alguns passos e o numero 114, a sua casa... nem vi o fim do mundo, dormi com você.





( Luiz wood )

Piano



Lá em cima do piano tem um copo de veneno, quem bebeu morreu... o amor me desceu a garganta como o veneno do copo em cima do piano... um amor infantil, que veio e nunca pediu pra ficar, mas ficou, morri porque bebi, e você se foi, nem olhou pra trás, nem me disse quando voltava, se voltava, porque voltava, porque não voltava, se foi... e eu fiquei e não podia ter ficado aqui... a sós na sala, com o piano, com o copo, com o veneno, sem você. E eu bebi. E você se foi, me deixou sozinho. Você não olhou pra mim, não me ouviu, não me leu, rasgou meus versos, não leu meu poema, riu deles... nem ligou. Fiquei sem futuro, me levou o passado... e o presente ficou dentro do copo, feito veneno. Pra eu beber, bebi, morri. Agora me deixe em paz, morto, em paz...



( Luiz wood )

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Vestido

Era um vestido de noite, parecia que tinha estrelas em pespontos, luas cerzidas e o seu sorriso em barra. E você usava. Usava luvas que não me serviam, mas que deixavam lindas suas mãos, delicadamente elas acariciavam seus dedos, como faria eu no lugar delas.
Sapatos altos, chegavam ao céu, quase ao vestido com estrelas pespontadas, luas cerzidas e sorrisos em barra... vermelhos, altos, vermelhos e lindos... pisando o meu desejo suavemente,
E você usava.
Vestido, luvas e sapatos. Sorri e você perguntou o por quê?
Sorri porque você é linda e eu te amo e você esta linda... dê-me seu braço, vamos.
O carro silencioso, a música, a estrada, a noite, o seu vestido... perfeito.Essa noite poderia nunca acabar. Não será tarde, nunca será... dirijo devagar, quero saborear essa noite, você ri, conta coisas, canta e sorri pra mim... Você me ama? Amo, claro. Ama muito? Amo tudo.
Não quero chegar, quero você só pra mim essa noite, dirijo devagar e você ri. Percebeu.
Abanou a cabeça e finalmente cedeu.
Vamos voltar, lentamente, a estrada, a música, a noite... de volta pra casa. Nós, essa noite você será só minha.
E tirei seu vestido de noite.
Com estrelas em pespontos, luas serzidas.
E você sorriu pra mim.
Nua.





( Luiz wood )

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pernas

Suas pernas percorrem quilômetros de prazer,
até que cheguem ao meu corredor,
até que me recebam francas, disponíveis,
até que saltem obstáculos e me atinjam,
até que tenham joelhos de Nara,
até que, depois de andadas, repousem aqui,
até que chutem e abram meu placar,
até que se ajoelhem e orem,
até que se enrosquem em mim.



( Luiz wood )

Encontro Fraseado

O olhar inquieto procurou,
correu nervoso, por onde você anda,
bares, esquinas, pontos de ônibus,
procurou.
O olhar inquieto procurou,
ansioso tentou te achar, nos escombros,
missas, puteiros, escolas,
procurou.
O olhar inquieto procurou,
seguiu atento sua trilha, caçando,
becos, avenidas largas, em casa,
procurou.
O olhar inquieto procurou,
conspirou aflito as armações, nos escombros,
casas de amores, cinemas, cisternas,
procurou.
Encontrei, numa palavra-frase,
Adeus.



( Luiz wood )

Partida

Parti sem olhar pra trás,
nada que houvesse ali,
nada que você me dissesse,
nada que eu olhasse,
nada que pensasse,
nada valeria a pena.

Parti sem olhar pra trás,
sem cigarro,
sem meus vícios,
sem drogas,
sem orgias,
sem o que me prendesse.

Parti sem olhar pra trás,
fui expulso do paraíso,
fui exposto numa vitrine suja,
fui extorquido no amor,
fui ex, não fui mais.

Parti sem olhar pra trás,
nada,
sem,
fui,
e agora?


( Luiz wood )

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Estio

Fez sol esse verão todo,
e nem todo sol secou as lágrimas,
nem todo deserto colou a sua boca na minha,
nem a areia riscou seu olhar.

Caíram folhas no outono inteiro,
e nem a queda quebrou meu coração,
nem o vento levou pra longe a esperança,
ou a sombra escondeu seu sorriso.

Vesti blusa o inverno todo,
e nem o gelo virou o sorvete que você mordeu,
nem a geada deixou branca a minha alma,
ou o teu sorriso incendiou.

A florista voltou na primavera,
e nem assim flores se abriram,
nem seu cabelo enrolou em mim,
ou as abelhas adoçaram seu beijo.

Quem sabe no estio?



( Luiz wood )

Pão

Gritos são alimentos da dor,
gemidos do amor,
brilhos da vida,
preces da alma,
risos da boca,
dentes do riso,
sexo do gozo,
fagulhas do fogo,
brilho da festa,
silêncio da musica,
ondas do mar,
vida da morte,
mel do doce,
espaço do infinito,
estrelas do céu,
estradas do caminho,
eu de você.
Devora-me,
feito pão.


( Luiz wood )

Teu Nome

Teu nome poderia ser vida,
ou mesmo morte...
Poderia ser curva,
mas ser for reta,
serei caminho.
Poderia ser sol,
Mas como é chuva,
me molho.
Poderia ser adeus,
mas como é oi,
estou aqui.
Poderia ser nome algum,
mas como é seu,
será meu.
Poderia ser papel,
mas como é caneta,
sou tinta.
Poderia ser nada,
mas como é tudo,
sou pleno.
Poderia ser poça,
mas como é lago,
sou mar.



( Luiz wood )

domingo, 3 de agosto de 2008

Só Pedir

Se você pedir,
vou pra lua,
troco pneu,
danço na chuva.
Se você pedir,
perco o meu olhar,
descubro a América,
faço o mundo girar.
Se você pedir,
faço do tudo nada,
cavo valeta,
como beterraba.
Se você pedir,
chamo meu nome,
escrevo versos,
quero que tudo se dane.
Se você pedir,
não vou embora,
isso,
nem adianta pedir...
eu não vou.



( Luiz wood )

sábado, 2 de agosto de 2008

A vida inteira

Te conheço a minha vida,
me conhece a tua sina,
estamos juntos.
Nunca foi tarde pra nós,
nem será cedo demais,
estamos juntos.
Nossas mão jamais se soltaram,
o suor da sua aquece a minha,
e aperta, gostoso,
estamos juntos.
Se não estivéssemos juntos,
eu nem viveria,
te amo.
A vida inteira.



( Luiz wood )

Pensando

Estou aqui pensando...
em como que com você sou feliz,
na sua boca que beija e diz,
no meu nome que você chama,
nessa chama que foi brasa,
mas é fogueira e não apaga
Estou aqui pensando...
não estou mais só,
o meu rastro partido agora é pó,
a viagem é sempre início,
o término é apenas vaticínio,
a chegada é em você.
Estou aqui pensando...
se a estrela caiu,
dormimos, ninguém viu,
se a alma implora
venha... essa é a hora.



( Luiz wood )

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Chuva

Hoje choveu e foi bom,
ninguém me viu chorar,
a gota e a lágrima,
confundem o meu esperar.
Consolam...


( Luiz wood )

Estação

Minha estação está vazia,
você não desembarcou.
Tinha o trem,
o vagão,
as malas,
o apito,
os trilhos,
a maria-fumaça,
a fumaça,
os dormentes,
o relógio,
o bilhete,
a partida,
o destino,
a plataforma,
o guarda.
Não tinha você,
minha estação está vazia,
você não desembarcou.



( Luiz wood )

Minha Pele

Minha pele está poeta...
... sensível... tua.
Meus olhos estão mar...
... marejados... teus.
Minha boca está saliva...
... molhada... tua.
Minhas mãos estão maestro...
... regendo... tuas.
Meus meus estão seus...
... nossos... tão teus.


( Luiz wood )

sábado, 19 de julho de 2008

Hoje

Hoje, vou partir,
amanhã, quem sabe?
Nada importa se você mudar de mim,
o sol vai ser o mesmo,
as paredes ainda terão manchas,
nossas línguas ainda procurarão.
Hoje, vou partir,amanhã,
quem sabe?
Nada importa se você mudar de mim,
as nuvens vão chover,
nossos vícios serão os mesmos,
a beleza ainda estará.
Hoje, vou partir,
amanhã, quem sabe?
Nada importa se você mudar de mim,
você ainda estará em casa,
o giz ainda riscará o quadro,
o seu sapato continuará pisando.
Hoje, vou partir,
mas voltarei mais tarde...
Por que você estará aqui.




( Luiz wood )