sexta-feira, 30 de outubro de 2009

respirar você!


amor,
apenas um gesto,
um sorriso, aceno,
ou qualquer coisa!
me de,
e eu respiro!
qualquer gesto que você faça,
qualquer palavra e eu adivinho,
um toque, apenas um,
me de,
e eu respiro!
um olhar de vida,
um capricho não dito,
cale-se, tanto melhor,
eu sei do teu desejo,
me de,
e eu respiro!

Luiz wood

terça-feira, 27 de outubro de 2009

torpor!


Não há nada além pra se ver, um homem caminha num torpor absurdamente confortável, uma vida sem nada de importante, sem nada que entre pra história, sem nada que alguém diga: -Ei, vamos ficar atentos! - apenas caminha, num torpor absolutamente confortável! mãos de aceno voam como pássaros e lenços brancos, se perdem em alguma curva e acenam, feito aves...não há nada pra se ver além...nada digno de nota! apenas uma vida, uma história que tentou contar, mas faltaram palavras, faltaram verbos e rimas....apenas uma vida! e um torpor absurdamente e absolutamente confortável! viva o torpor! morra a vida! morra o homem! viva a rima....


Luiz wood

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

...noite!


A noite respira minha alma,
sinto seu hálito quase quente, quase morno,
frio até!
A noite me vem surpreendida pelo escuro,
escuro de palavras não pronunciadas, palavras mudas, palavras cinzas,
quase calada, quase como se cantasse uma canção!
A noite sobe escadas em degraus incertos e assimétricos,
povoa de imaginação os sonhos atrozes,
roucos até!
A noite é corvo, é ave de mau agouro,
é corvo de Edgar, é nunca mais,
a noite é minha rendição, vingança e fracasso!
A noite é escura,
como convém!

Luiz wood

...loucos, somos loucos!


conheço cada pedaço teu,
cada picada, cada caminho incerto.
sei dos teus medos e dos teus amores,
do teu olhar...do teu rosto.
o teu gosto cereja e mulher,
da tua boca, faminta no céu.
adivinho seus desejos,
os meus...tão iguais aos seus.
carrego tua sombra,
em cada gesto de sol e manhã.
bebo todas suas lágrimas,
vertem meus olhos, teu mar.
somos loucos,
nossas linguas falam por nós!

Luiz wood

te amo, toda uma vida!


...te vejo no meu enxergar,
com olhos de homem, te vejo,
quase mar!
...o louco sou eu,
que vejo letras no seu andar,
um cego que leu!
...conheço suas estradas,
saudades dos passos,
caminhante de mãos postadas!
...choro os luares vãos,
astronauta perdido,
você, estrela em minhas mãos!
...eco de juras aflitas,
gritadas nas nossas camas,
te amo, toda uma vida!

Luiz wood

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

....feito Deus!


na casa,
silêncio de ladrilhos,
solidão de paredes brancas!
na mesa,
um fio cego de lâmina,
na alma,
um grito sêco,
como as paredes brancas!
estou só,
feito Deus,
na esquina da sala,
minha solidão acende um cigarro,
estou triste,
feito Deus,
estou Deus,
feito Eu,
só!

Luiz wood

terça-feira, 20 de outubro de 2009

...querer!


Para ter você aqui...
escavarei túneis inúteis,
transporei estradas,
ajoalherei diante de um Deus mudo,
sorrirei no espelho de Alice,
pescarei ostras e pérolas baratas,
e, com as próprias mãos,
buscarei a luz, que ainda resta no inferno,
e a trarei junto, agarrada ao meu peito,
só pra ter você aqui....novamente!

Luiz wood

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

...tão crianças!


Lembra do sonho?
olhe nos meus olhos...seja bem vinda!
Lembra dos segredos?
ficou no álbum de fotografias!
Segredos em preto&branco,
como foram brancos os nossos sonhos!
Lindos e sem limites,
nunca os tivemos, apenas fomos,
ainda temos magia,
ainda temos nossas vidas,
vadias, por certo, mas tão nossa a vida!
Temos apenas quinze anos,
e as fotos? preto&branco,
como os nossos olhos!

Luiz wood

sábado, 10 de outubro de 2009

sampa à toa...


andar à toa, sol em coma, a lua na cama,
no bico dos lábios, uma canção assoviada, chata e gostosa,
os pés azuis, estrelas no tornozelo, cadarço aberto, armadilha,
pegadas indigestas, caminho de buracos, cilada deserta,
cidade aberta, mãe madrasta, ódio amoroso, de quem mora nela,
gritos camelentos, quem camela na madrugada?, pão suado,
um verso um parto, impossível cesária, mais fácil de cócoras,
a música da pedra chutada, atenção!!, uma nova canção, quase poesia,
um olho atento outro distraído, vesga liberdade, quase paraíso,
mão deserta, outra executa, semeadura e colheita,
mais um poeta morto na esquina, mais uma estrela guia!


Luiz wood

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Eu quis tanto....


Eu quis te ter tanto como sou,
mas nem um tanto fui como você é,
quis mão aberta, tive gesto,
quis beijo molhado, tive cheiro,
quis cama, tive grama,
quis sol, tive terra,
quis liberdade, tive você grilhão,
quis posse, tive livre,
quis um brinde, tive copo barato,
quis noite, tive dias e dias,
quis vastidão, tive você,
um universo inteiro!

Luiz wood

sonhei com você


Sonhei com você,
era apenas o sol entrando quarto à fora,
era apenas o barulho da rua,
era apenas o cheiro do café!

Sonhei com você,
de olhos atentos,
boca ansiosa,
mãos aflitas!

Sonhei com você,
e não foi mais nada,
e não foi o bonde encantado,
e não foi o mar plano!

Sonhei com você,
somente o tempo,
somente o amor,
somente a vida!

Sonhei, sonhei, sonhei,
com você!

Luiz wood

passos trocados


Estamos indo...
Algumas coisas ficaram pra trás,
outras, trouxemos juntos!
A luz acesa, a água no fogo,
a planta sem regar.
O nosso tempo ficou,
junto com as roupas jogadas,
e a sua maquiagem borrada.
Sem gestos nem despedidas,
apenas a ida..e estamos indo!
Estamos indo...
de mãos dadas, de beijos dados,
e passos trocados!

Luiz wood

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

dias de outono


Os dias de outono passavam pela minha janela!
Perdidos no tempo, perdidos no dia, perdidos...e sós.
A chuva caía devagar, quase garoa, quase temporal, quase tormenta.
Uma estrada vista lá fora, levando, em passos lentos, o silêncio que se estabeleceu. Apesar da tormenta, quase temporal, quase garoa....feito chuva que cai devagar!
Enquanto você se agarrava em palavras eu tentava inventar outras, bóias salva-vidas inúteis.
E esse silêncio todo inundando e encharcando nossas vidas.
Palavras perigosas,palavras pântanos,palavras perigosas....
Continuo aqui, na minha janela, esperando o outono passar e torcendo....
pra que ele passe depressa!

Luiz wood

terça-feira, 6 de outubro de 2009

homem triste


Poderia te contar dos sonhos,
até mesmo das coisas do vento,
poderia ser do outono e do frio,
ou das coisas que nem são mais!

Poderia te falar da prosa,
do verso mal rimado,
da voz rouca que me foge boca afora,
ou do silêncio absurdo!

Poderia recitar canções roubadas,
centurias iconoclastas,
estrofes mancas e mal ajambradas,
falsetes da garganta arranhada!

Poderia ser teu poeta,
andarilho de ruas calçadas,
da lua caída,
da metamorfose assustada!

Mas qual...
sou apenas um homem triste!

Luiz wood

palavras


palavras....
sonhos de poeta,
escorrendo entre vãos,
entre dedos de sonhos,
apenas palavras,
sussurradas e ousadas sonhar,
apenas....palavras,
escorridas pelos dedos-vãos,
poetas-vãos, que ousam palavras!

Luiz-wood