sábado, 8 de novembro de 2008

Não peço mais


O meu caminho está desesperado,

armando armadilhas, olhando à espreita.
O meu coração se desarmou,
abandonou todo propósito de te olhar,
está desesperado, como o meu caminho.
As cinzas ainda quentes refletem apenas palavras,
os gestos se esconderam na escuridão,
como quem teme trovões e ventos.
A minha alma se expôs ao sol e fez-se sombra,
a aurora desejada não veio,
o mar se abriu num furor que me estremeceu.
Só me restaram as palavras... mas não digo,
na tempestade almas não dançam...
Basta... não peço mais,
línguas afiadas, bocas mudas,
toalhas manchadas, taças rachadas
o anel devolvido.
Basta... não peço mais.


( Luiz wood )

Noite

A noite se vestiu como de costume. De negro.
Aos poucos foi se encantando...
Como uma mulher vaidosa que se arruma pensando no amante.
Um pouco de brilho nos olhos, cuidado no baton evidenciando a boca sedenta, as mãos cariciando a própria pele antecipando o prazer,os cabelos soprando o vento que por certo virá,
o vestido lentamente colocado, os brincos celestes que refletem galáxias e que fazem visionários prever o futuro só pelo prazer da contemplação e o colar que finalmente estabelece a lua.
A noite se vestiu....
Com a voz suave sussurrou meu nome.
Da mesma maneira que um marinheiro quando ouve a sereia eu obedeci ao chamado.
A noite me beijou e me envolveu em abraços escuros e brilhantes... conduziu.
À cada brisa soprada no meu rosto eu vi a face da noite,
senti em minha boca o doce aroma da mulher,
o encanto dos sonhos e o prazer do envolvimento pleno.
Fui Noite, ela foi Homem....
E nos penetramos... na Noite, no Homem... nos penetramos, fomos nossos.
Foi Homem. Fui Noite.



( Luiz wood )

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Trigal

Olhar suas mãos,
é como ver o campo de trigo,
serenas, ondulantes.
É como estar em comunhão com a terra,
voar solo infinito,
estar cansado de guerra.
Sentir teus seios,
é cantar cantiga de Salomão,
como um cacho de uva,
ardentes desertos,
é vulcão.
Seus olhos são arado,
terra revolta, prenha.
É volúpia de fome,
água que inunda, sacia, afoga.
Seu sexo, terra ávida,
prenhe, entregue, frouxa.
Fértil acolhe carícias,
e num sorriso claro,
me mostra os dentes,
toma a minha mão, me carrega,
recebe minha semente.


( Luiz wood )

Não sei nada de ti

Não, eu não sei nada de ti,
porque não sabes de mim.
Eu não conheço seu caminhar,
porque não andou meus caminhos.
Mas sei dos seus amores,
porque viveu dentro de mim.
Conheço as tuas dores,
porque me doeu te perder.
Agora sei da tua vida,
porque não a tive,
... e por isso morro.


( Luiz wood )

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Não te amo

Não te amo só porque te amo,
te amo porque se chama amor,
te amo porque me canta a alma,
te amo, porque se me cala... ouço.

Não te amo só porque te amo,
te amo porque conta histórias,
te amo porque me é a própria vida,
te amo, porque é, se quiser... a própria morte.

Não te amo só porque te amo,
te amo porque me segue a estrada,
te amo porque me respira o próprio ar,
te amo, só porque te amo.
... não só porque te amo.


( Luiz wood )