quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Vestido

Era um vestido de noite, parecia que tinha estrelas em pespontos, luas cerzidas e o seu sorriso em barra. E você usava. Usava luvas que não me serviam, mas que deixavam lindas suas mãos, delicadamente elas acariciavam seus dedos, como faria eu no lugar delas.
Sapatos altos, chegavam ao céu, quase ao vestido com estrelas pespontadas, luas cerzidas e sorrisos em barra... vermelhos, altos, vermelhos e lindos... pisando o meu desejo suavemente,
E você usava.
Vestido, luvas e sapatos. Sorri e você perguntou o por quê?
Sorri porque você é linda e eu te amo e você esta linda... dê-me seu braço, vamos.
O carro silencioso, a música, a estrada, a noite, o seu vestido... perfeito.Essa noite poderia nunca acabar. Não será tarde, nunca será... dirijo devagar, quero saborear essa noite, você ri, conta coisas, canta e sorri pra mim... Você me ama? Amo, claro. Ama muito? Amo tudo.
Não quero chegar, quero você só pra mim essa noite, dirijo devagar e você ri. Percebeu.
Abanou a cabeça e finalmente cedeu.
Vamos voltar, lentamente, a estrada, a música, a noite... de volta pra casa. Nós, essa noite você será só minha.
E tirei seu vestido de noite.
Com estrelas em pespontos, luas serzidas.
E você sorriu pra mim.
Nua.





( Luiz wood )

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pernas

Suas pernas percorrem quilômetros de prazer,
até que cheguem ao meu corredor,
até que me recebam francas, disponíveis,
até que saltem obstáculos e me atinjam,
até que tenham joelhos de Nara,
até que, depois de andadas, repousem aqui,
até que chutem e abram meu placar,
até que se ajoelhem e orem,
até que se enrosquem em mim.



( Luiz wood )

Encontro Fraseado

O olhar inquieto procurou,
correu nervoso, por onde você anda,
bares, esquinas, pontos de ônibus,
procurou.
O olhar inquieto procurou,
ansioso tentou te achar, nos escombros,
missas, puteiros, escolas,
procurou.
O olhar inquieto procurou,
seguiu atento sua trilha, caçando,
becos, avenidas largas, em casa,
procurou.
O olhar inquieto procurou,
conspirou aflito as armações, nos escombros,
casas de amores, cinemas, cisternas,
procurou.
Encontrei, numa palavra-frase,
Adeus.



( Luiz wood )

Partida

Parti sem olhar pra trás,
nada que houvesse ali,
nada que você me dissesse,
nada que eu olhasse,
nada que pensasse,
nada valeria a pena.

Parti sem olhar pra trás,
sem cigarro,
sem meus vícios,
sem drogas,
sem orgias,
sem o que me prendesse.

Parti sem olhar pra trás,
fui expulso do paraíso,
fui exposto numa vitrine suja,
fui extorquido no amor,
fui ex, não fui mais.

Parti sem olhar pra trás,
nada,
sem,
fui,
e agora?


( Luiz wood )

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Estio

Fez sol esse verão todo,
e nem todo sol secou as lágrimas,
nem todo deserto colou a sua boca na minha,
nem a areia riscou seu olhar.

Caíram folhas no outono inteiro,
e nem a queda quebrou meu coração,
nem o vento levou pra longe a esperança,
ou a sombra escondeu seu sorriso.

Vesti blusa o inverno todo,
e nem o gelo virou o sorvete que você mordeu,
nem a geada deixou branca a minha alma,
ou o teu sorriso incendiou.

A florista voltou na primavera,
e nem assim flores se abriram,
nem seu cabelo enrolou em mim,
ou as abelhas adoçaram seu beijo.

Quem sabe no estio?



( Luiz wood )

Pão

Gritos são alimentos da dor,
gemidos do amor,
brilhos da vida,
preces da alma,
risos da boca,
dentes do riso,
sexo do gozo,
fagulhas do fogo,
brilho da festa,
silêncio da musica,
ondas do mar,
vida da morte,
mel do doce,
espaço do infinito,
estrelas do céu,
estradas do caminho,
eu de você.
Devora-me,
feito pão.


( Luiz wood )

Teu Nome

Teu nome poderia ser vida,
ou mesmo morte...
Poderia ser curva,
mas ser for reta,
serei caminho.
Poderia ser sol,
Mas como é chuva,
me molho.
Poderia ser adeus,
mas como é oi,
estou aqui.
Poderia ser nome algum,
mas como é seu,
será meu.
Poderia ser papel,
mas como é caneta,
sou tinta.
Poderia ser nada,
mas como é tudo,
sou pleno.
Poderia ser poça,
mas como é lago,
sou mar.



( Luiz wood )

domingo, 3 de agosto de 2008

Só Pedir

Se você pedir,
vou pra lua,
troco pneu,
danço na chuva.
Se você pedir,
perco o meu olhar,
descubro a América,
faço o mundo girar.
Se você pedir,
faço do tudo nada,
cavo valeta,
como beterraba.
Se você pedir,
chamo meu nome,
escrevo versos,
quero que tudo se dane.
Se você pedir,
não vou embora,
isso,
nem adianta pedir...
eu não vou.



( Luiz wood )

sábado, 2 de agosto de 2008

A vida inteira

Te conheço a minha vida,
me conhece a tua sina,
estamos juntos.
Nunca foi tarde pra nós,
nem será cedo demais,
estamos juntos.
Nossas mão jamais se soltaram,
o suor da sua aquece a minha,
e aperta, gostoso,
estamos juntos.
Se não estivéssemos juntos,
eu nem viveria,
te amo.
A vida inteira.



( Luiz wood )

Pensando

Estou aqui pensando...
em como que com você sou feliz,
na sua boca que beija e diz,
no meu nome que você chama,
nessa chama que foi brasa,
mas é fogueira e não apaga
Estou aqui pensando...
não estou mais só,
o meu rastro partido agora é pó,
a viagem é sempre início,
o término é apenas vaticínio,
a chegada é em você.
Estou aqui pensando...
se a estrela caiu,
dormimos, ninguém viu,
se a alma implora
venha... essa é a hora.



( Luiz wood )

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Chuva

Hoje choveu e foi bom,
ninguém me viu chorar,
a gota e a lágrima,
confundem o meu esperar.
Consolam...


( Luiz wood )

Estação

Minha estação está vazia,
você não desembarcou.
Tinha o trem,
o vagão,
as malas,
o apito,
os trilhos,
a maria-fumaça,
a fumaça,
os dormentes,
o relógio,
o bilhete,
a partida,
o destino,
a plataforma,
o guarda.
Não tinha você,
minha estação está vazia,
você não desembarcou.



( Luiz wood )

Minha Pele

Minha pele está poeta...
... sensível... tua.
Meus olhos estão mar...
... marejados... teus.
Minha boca está saliva...
... molhada... tua.
Minhas mãos estão maestro...
... regendo... tuas.
Meus meus estão seus...
... nossos... tão teus.


( Luiz wood )